Olisaemeka Achike*, Assad Movahed e Constantin B Marcu
Enquadramento: Existe uma prevalência aumentada de foramen oval patente (FOP) em doentes com doença cardíaca carcinoide (DCC).
Caso: Mulher de 67 anos com dispneia de esforço há 1 mês associada a dor epigástrica, perda de peso e diarreia. Estava taquipneica, com saturação de oxigénio de 90% a 30 litros por minuto. Havia sopro sistólico de grau 2/6 no bordo esternal esquerdo e pulso venoso jugular elevado. A alfa-fetoproteína, o antigénio cancerígeno 19-9 e o antigénio carcinoembrionário estavam normais. O ácido 5-hidroxiindolacético na urina, a serotonina sérica e a cromogranina A estavam elevados. A tomografia computorizada (TC) do tórax descartou embolia pulmonar. A tomografia computorizada do abdómen mostrou massas hepáticas metastáticas, comprovadas como tumor carcinoide na biópsia. O ecocardiograma transtorácico mostrou shunt direita-esquerda via FOP com espessamento precoce da válvula mitral. Havia regurgitação grave das válvulas tricúspide e pulmonar.
Tomada de decisão: A progressão da doença coronária valvular direita e a redução da complacência auricular direita devido ao dano endocárdico causam pressões cardíacas direitas elevadas, daí a retoma do FOP. A octreotida acalmou os seus sintomas. Foi realizado cateterismo cardíaco direito e encerramento percutâneo do FOP guiado por eco intracardíaco com dispositivo Cribriforme ASD de 16 mm. A hipóxia foi resolvida.
Conclusão: O alívio da hipoxia e o benefício da mortalidade decorrentes da melhoria da função são derivados do encerramento do FOP. O rastreio da FOP é vital devido ao elevado risco de agravamento da doença coronária direita e desenvolvimento de doença coronária esquerda, uma vez que a serotonina contorna a desativação pulmonar.