Revista de Enfermagem e Cuidados com o Paciente

Perceção do Cuidado Humanizado na Área Hospitalar, anos 2014 - 2015

Lic. Gustavo Cusi Cari

O termo humanização é um conceito difícil porque apresenta características subjetivas e complexas e, apesar do seu tom qualitativo positivo, pode assumir diferentes significados devido às diferenças culturais e aos valores individuais. O que é um atendimento humanizado para uma pessoa pode não o ser para outra. Na saúde, este discurso organiza-se em torno da defesa dos direitos humanos e da ética.

No Brasil, verificou-se uma alteração no acesso à saúde da população após a aprovação da Constituição Federal em 1988, que afirma no Capítulo II que a saúde é um direito social e dispõe sobre a regulamentação do Sistema Único de Saúde (SUS). da Lei 8080, de Setembro de 1990, que refere no Título I que “A saúde é um direito humano fundamental, devendo o Estado proporcionar as condições necessárias para o seu pleno gozo”(3). Não existe um código unificado ou estatuto de direitos dos doentes, mas existem várias leis e decretos que promovem e protegem os utentes, inclusive por grupos de doenças, etnias e faixas etárias.

Em 1995, o estado de São Paulo publicou um Manual dos Direitos do Doente elaborado pela Secretaria de Estado da Saúde e pelo Fórum de Patologias. As orientações contidas neste Manual inspiraram a Lei Estadual nº 10.241, de Março de 1999, que disciplina os direitos dos utentes dos serviços e acções de saúde no Estado de São Paulo. satisfação dos utentes com os serviços públicos de saúde, os avanços tecnológicos na prestação de cuidados de saúde não têm sido acompanhados por uma assistência humanizada.

Para a população servida, a desumanização dos cuidados de saúde deveu-se a problemas como: longas filas de espera; insensibilidade dos profissionais de saúde ao lidar com o sofrimento das pessoas; tratamento desrespeitoso; o isolamento imposto aos doentes dos seus familiares e das redes sociais durante os procedimentos e internamentos; e gestão autoritária e degradação do ambiente e das relações laborais. Estas questões expressavam não só falhas éticas e individuais, mas também a forma de organização dos serviços de saúde no Brasil. Por causa disso, o Ministério da Saúde procurou formas, em conjunto com a sociedade, de identificar as queixas dos utentes, de forma a resgatar e humanizar os cuidados de saúde(6). Assim, em 2003, foi lançada a Política Nacional de Humanização da Assistência e da Gestão do Sistema Único de Saúde (PNH/Humaniza SUS). Tratou-se de um programa de mudança nos modelos de cuidados e de gestão e foi implementado


como política de saúde pública, entendendo a humanização como “a valorização dos diferentes sujeitos envolvidos no processo de produção de saúde: utentes, trabalhadores e gestores”(7) em para melhor servir os utentes e proporcionar melhores condições aos trabalhadores.

Considerando a diversidade de definições do termo humanização, a sua importância para a prática profissional e o reconhecimento da existência de fatores que interferem na sua implementação, o presente estudo teve como objetivo investigar o significado da humanização para enfermeiros e médicos de um hospital; conhecer como os enfermeiros e os médicos percecionam a humanização dos cuidados na prática profissional e identificar fatores que dificultam ou facilitam a humanização dos cuidados.

MÉTODO

Tratou-se de uma investigação exploratória, elucidativa e subjetiva conduzida numa clínica médica geral, privada, de orientação rigorosa católica. A fundação tem 284 camas e atende doentes singulares e com cobertura médica. Participaram no exame 19 peritos de diferentes unidades de atendimento de medicina interna, que tinham, pelo menos, meio ano de envolvimento profissional no estabelecimento. As informações foram recolhidas durante os segundos 50% de 2011.

Foi criado um instrumento de duas secções para recolher as informações. Uma secção garantiu a representação dos membros; o outro utilizou as perguntas de controlo que acompanhavam: "Para si, o que significa o termo refinamento de clínica de emergência?" E “Quais são as variáveis ​​que bloqueiam ou incentivam a aculturação dos cuidados neste estabelecimento?” Foi realizado um pré-teste do instrumento e feitas as progressões essenciais para uma melhor compreensão dos membros. As informações adquiridas no pré-teste não foram utilizadas no exame.

RESULTADOS

Participaram no estudo 19 profissionais: 9 enfermeiros e 10 médicos. Destes, 12 eram do sexo feminino e 7 do sexo masculino. O tempo de experiência profissional na instituição variou entre os 2 e os 17 anos e o turno diurno prevaleceu entre os sujeitos entrevistados. Quanto ao local de trabalho, 4 participantes trabalhavam no serviço de urgência de adultos, 1 no serviço de urgência de crianças, cinco na unidade de cuidados intensivos de adultos, 1 na maternidade, 2 na clínica cirúrgica, 2 na unidade oncológica, 1 na medicina clínica, 1 na unidade de cuidados intensivos neonatais e 2 na unidade de cuidados intensivos pediátricos.

Após análise, emergiram as categorias: “Significado do termo humanização hospitalar”, “Fatores facilitadores para a humanização dos cuidados” e “O excesso de trabalho como fator que dificulta a humanização dos cuidados”.

Significado do termo humanização hospitalar

Nesta categoria, os participantes relacionaram o respeito, o carinho e a empatia com o significado da humanização hospitalar. Para definir a humanização, os participantes utilizaram a palavra respeito, expressando-a como respeito pelos costumes, desejos, crenças e valores dos doentes. Afirmaram que, quando são internados, os doentes devem conciliar os seus hábitos com as rotinas de cuidados; isto exige que as equipas de cuidados trabalhem para fazer adaptações que possam ser traduzidas em respeito pelas pessoas. Ficou evidente que as rotinas hospitalares são importantes para que as equipas realizem o seu trabalho sem problemas, mas para oferecer uma assistência hospitalar digna e respeitadora aos doentes, os profissionais hospitalares devem procurar adaptar estas rotinas às necessidades dos doentes e dos cuidadores. Os sujeitos acreditam que ao respeitarem os doentes, fazem com que estes se sintam tratados de forma digna num ambiente que não é o seu. Assim, para além do atendimento técnico, deve ser prestado um atendimento diferenciado que considere as particularidades de cada pessoa.

Para expressar o significado de humanização, os participantes referiram ainda a importância de cuidar, explicando que isso inclui receber o doente com carinho e conhecer o contexto em que está inserido, e não apenas cuidar dos aspetos físicos e da sua doença. Afirmaram que é necessário dedicar tempo e atenção às angústias e medos dos doentes, e que é nesta abordagem dos profissionais, com gestos de ternura, proteção e preocupação para com os doentes, que se dá a humanização dos cuidados. Evidenciou-se que a humanização está também relacionada com a melhoria das condições do ambiente, que deve ser acolhedor e reconfortante para minimizar o sofrimento da doença e da hospitalização, considerando que os doentes estão longe das suas casas e muitas vezes privados de interação com os seus familiares .

Os profissionais destacaram ações que flexibilizam algumas regras do ambiente hospitalar, como a permissão de visitas fora do horário estabelecido e a presença de um acompanhante nas unidades de cuidados intensivos. A presença dos familiares é referida como um fator importante no cuidado ao doente durante o internamento.

Quanto à empatia, os entrevistados afirmaram que colocar-se no lugar do doente possibilita servi-lo melhor. Para alguns profissionais, a humanização é empatia pela pessoa. Significa tratar o doente como se fosse um membro da sua família ou um ente querido, e tratá-lo como gostaria de ser tratado.

CONCLUSÕES

A enfermagem assente nas bases disciplinares do cuidar, tem como essência a prestação de cuidados humanizados, oportunos e de qualidade, sendo esta uma das principais características dos profissionais de Enfermagem. Isto, somado à actual ênfase em muitas Escolas de Enfermagem, nas quais se tem enfatizado o cuidado integral das pessoas, sem ter em conta o aspecto emocional e cultural dos povos originários da província de Jujuy, faz com que os doentes percebam uma visão não humanizada tratamento por profissionais de enfermagem.

No meio hospitalar são observados doentes vulneráveis, que sofreram uma interrupção no seu quotidiano e foram retirados do seu meio cultural para enfrentar um processo de saúde-doença, é aqui que reside a principal importância do profissional de Enfermagem e da entrega do ser humano cuidado e tratamento compassivo, que permitem que as pessoas se sintam acompanhadas no processo tanto doente como familiar.

Quanto à utilidade do instrumento PCHE, oferece uma grande oportunidade de conhecer a perceção dos doentes, das ações desenvolvidas pelo profissional de Enfermagem, avaliando as diferentes áreas da função, na cidade de Humahuaca, Jujuy esta avaliação na perspetiva do doente é escassa, no entanto o instrumento ainda requer certas adaptações linguísticas, como apresentar-se como uma afirmação positiva.

54º Congresso Mundial de Enfermagem e Cuidados de Saúde, 13 a 14 de maio de 2020 .

Citação abstrata :

Lic. Gustavo Cusi Cari, Perceção do Cuidado Humanizado na Área Hospitalar, anos 2014 - 2015, Congresso Mundial de Enfermagem 2020, 54º Congresso Mundial de Enfermagem e Cuidados de Saúde, 13 a 14 de maio de 2020

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