Pedro Felgueiras*, Odete Nombora, Nelson Almeida e Raquel Ribeiro Silva
A fenomenologia foi um dos movimentos filosóficos mais influentes do século XX. Com a priorização absoluta da experiência subjetiva individual, a fenomenologia parece a estratégia filosófica óbvia para reintegrar o indivíduo na medicina, particularmente na psiquiatria. Nosso objetivo geral é revisitar o encontro da fenomenologia com a psicopatologia, em particular a afinidade da abordagem fenomenológica com a psiquiatria clínica.
Revisão não sistemática da literatura sobre a viabilidade de uma práxis psiquiátrica de orientação fenomenológica.
A psicopatologia fenomenológica busca o que se manifesta por si só e como manifesta os fenômenos sem qualquer tipo de pressuposto (époche fenomenológica), e descrevendo todas as perspectivas possíveis disso (variações eidéticas). Às vezes referida como “o coração da psiquiatria”, ela conecta a compreensão com o cuidado, promovendo uma troca de perspectivas com o paciente e ajudando-o a refletir sobre suas experiências e a tomar uma posição sobre elas. Esta dimensão resulta de uma penetração empática. A psiquiatria precisa de um terreno comum e uma linguagem compartilhada. A fenomenologia desenvolve um método para entender a própria experiência anormal do paciente, avaliando o diagnóstico nosográfico da doença mental e estabelecendo um curso terapêutico. Outro aspecto importante do método fenomenológico na psiquiatria clínica é a oportunidade de operar em paralelo com a abordagem biomédica tradicional, reconciliando a experiência única do indivíduo com uma perspectiva neurobiológica.
Em consonância com isso, estagiários e psiquiatras em início de carreira consideram a redescoberta da fenomenologia como uma prioridade de seu futuro acadêmico e clínico, e para seus pacientes. Para essa participação da fenomenologia na psiquiatria, seria necessário mais suporte na literatura e um número maior de psiquiatras experientes cientes desse método clínico alternativo.