Cristóvão A Módica
Enquadramento do estudo: Os distúrbios alimentares estão associados a resultados negativos significativos para a saúde das mulheres. A insatisfação corporal é um fator de risco primário para os distúrbios alimentares em mulheres e raparigas. Com base na teoria da objetificação, este estudo investigou se a) a vigilância corporal estava negativamente associada à satisfação corporal e b) se a clareza do autoconceito moderou a associação entre a vigilância corporal e a satisfação corporal em mulheres adultas. A clareza do autoconceito refere-se à manutenção de um sentido de identidade estável, consistente e claro, enquanto a vigilância corporal se refere à monitorização habitual da aparência do próprio corpo.
Métodos: Um desenho transversal, não experimental e correlacional foi empregue neste estudo. Várias medidas de autorrelato bem estabelecidas foram administradas a mulheres adultas (n=230) online nos Estados Unidos com idades compreendidas entre os 18 e os 63 anos (M=34,13) que foram recrutadas através do Amazon Mechanical Turk.
Resultados: Os resultados da análise de regressão múltipla indicaram que, no controlo da idade e do índice de massa corporal, a vigilância corporal se associou negativamente à satisfação corporal, enquanto a clareza do autoconceito se associou positivamente à satisfação corporal. Os resultados evidenciaram ainda que, ao controlar a idade e o índice de massa corporal, a clareza do autoconceito moderou a associação entre a vigilância corporal e a satisfação corporal, pelo que a associação negativa entre a vigilância corporal e a satisfação corporal foi mais fraca entre as mulheres que apresentavam níveis elevados de autoconceito.
Conclusão: Sendo o primeiro estudo a investigar a clareza do autoconceito no contexto da teoria da objetificação, os resultados são discutidos em termos de como e por que razão a clareza do autoconceito pode atenuar a associação entre a vigilância corporal e a satisfação corporal. Fazendo eco de outros investigadores, discute-se a integração da clareza do autoconceito nos programas de prevenção de perturbações alimentares e de imagem corporal, de forma a melhorar a saúde das mulheres.