Lopes AM, Morgado M, Niza MMRE, Franca N, Mestrinho L, Felix N e Dourado A
Validação Biofísica da Pressão Intra-Abdominal e Método Transuretral
Objectivo: O aumento da pressão intra-abdominal (PIA) é um fenómeno bem documentado, directamente associado a alterações fisiopatológicas em todos os sistemas orgânicos, aumentando a morbilidade e mortalidade. O padrão de ouro para a sua determinação é o método transuretral (MT), que ainda hoje está rodeado de controvérsia. O objetivo do estudo é, através de princípios físicos, demonstrar a PIA, validar a MT e explicar as variáveis que influenciam a PIA.
Materiais e Métodos: Desenvolvimento de uma formulação biofísica, baseada na mecânica dos fluidos, para explicar a IAP, a TM e as suas variáveis. Validação dos princípios formulados num modelo animal não vivo, onde foram determinados todos os componentes que geram o IAP. Determinação de: PIA por MT, método intragástrico e direto; áreas e volumes gástricos, vesicais e abdominais; peso de todas as estruturas abdominais.
Resultados: Os valores de PIA obtidos pelos vários métodos encontram-se dentro dos limites descritos para a espécie com valores médios entre 2,31 e 7,14 mmHg.
A determinação das áreas e resistências de todas as estruturas anatómicas permitiu a substituição de valores na formulação biofísica e cálculo da PIA. O cálculo matemático do IAP confirma a definição teórica do IAP.
Este valor quando comparado com as leituras diretas por sensor não apresentou diferenças estatísticas (P<0,05). A determinação da PIA pelo método direto também não mostrou diferenças nas cinco posições corporais (P=0,765). Os métodos indiretos revelaram diferenças estatisticamente significativas em relação ao método direto apenas no Trendelenburg e no Trendelenburg reverso. A respiração, a contração muscular, a posição corporal e a posição do manómetro de água influenciam a medição da PIA por métodos indiretos.
Utilizando o tratamento digital das imagens e algoritmos de análise de pixéis, é também possível determinar a área da bexiga e da superfície gástrica, em média 6,17*10-3 ± 5,05*103 m2 e 3,55*10-2 ± 1,65*10-2 m2 respectivamente.
Conclusão: Este estudo melhora o conhecimento da aplicação dos métodos diretos e indiretos aos acessos do IAP. Os princípios biofísicos explicam a formação do IAP e comprovam a precisão da MT, explicando as variáveis que a afetam.