Ana R.F. Coelho
No organismo humano, quase 53% do magnésio (Mg) está envolvido no desenvolvimento e manutenção dos ossos e outros tecidos calcificados, 27% nos músculos, 19% nos tecidos moles e o restante 1% no soro. O Mg é um nutriente envolvido na síntese proteica, nas funções musculares e nervosas, no controlo da glicemia e na regulação da pressão arterial. Além disso, a deficiência de Mg é incomum em humanos devido ao limite renal na excreção urinária deste nutriente. No entanto, existem alguns grupos de pessoas em risco de inadequação de Mg, pessoas com doenças gastrointestinais, diabetes tipo 2, alcoolismo crónico. A biofortificação com Mg é uma estratégia que promove o aumento de nutrientes nas culturas alimentares e pode aumentar a absorção e acumulação de nutrientes no organismo humano. Este estudo tem como objetivo desenvolver um roteiro técnico para a biofortificação com Mg de duas variedades de tomate (H1534 e H9205) durante o ciclo produtivo de 2018. Como tal, o estudo foi realizado numa área teste com 15 x 66 m, na região de Beja, Portugal. Neste enquadramento promoveu-se a fertilização foliar das plantas após a plantação e ao longo do respetivo ciclo de produção. Foram realizadas seis aplicações foliares com quatro tratamentos diferentes de sulfato de magnésio. Na colheita foram estudadas as interações entre a acumulação de Mg e outros elementos químicos presentes nos tecidos do tomate. A média do índice de biofortificação de Mg na variedade H1534 foi de 16,2% e o contrário verificou-se na variedade H1534, por absorção atómica. Contudo, verificou-se, realizando o mapeamento a nível tecidual utilizando um sistema μ-EDXRF M4 Tornado™, que o teor de Mg aumentou 90% e 78,8%, respectivamente, no H1534 e no H9205. Através de microscopia eletrónica de varrimento, com espectroscopia de energia dispersiva de raios X (SEM-EDS), foi possível identificar em que área do tecido do tomate predomina o Mg.