Inês Luís
Com o crescimento da população mundial, existe uma necessidade urgente de aumentar a produção de alimentos básicos. A deficiência de zinco é a quinta principal causa de mortalidade e doença nos países em desenvolvimento, levando à perda de função cerebral, alterações no crescimento e enfraquecimento do sistema imunitário. Este micronutriente tem um papel fundamental a nível regulamentar, funcional e estrutural. Uma forma de colmatar estas carências pode passar pela biofortificação, que é um processo em que há um enriquecimento tanto do conteúdo como da biodisponibilidade de micronutrientes nos tecidos comestíveis dos alimentos básicos. Assim, a biofortificação do trigo permitirá o desenvolvimento de alimentos funcionais com valor acrescentado e diferenciadores no mercado. Duas culturas de trigo (campos 1 e 2) localizadas em Beja, Portugal, com duas variedades (Paiva e Roxo) de Triticum aestivum , foram selecionadas para fazerem parte de um itinerário de biofortificação com zinco. Ambas as variedades foram pulverizadas três vezes com fertilizante de zinco em duas concentrações diferentes e comparadas com as amostras de controlo. Para quantificar e localizar o Zn na farinha de trigo e nos grãos, foram utilizados um analisador XRF e um analisador µ-EDWRF, respetivamente, na colheita. Aplicando o analisador XRF à farinha de trigo, o índice médio de biofortificação de Zn variou entre 24 - 73% para Paiva e Roxo variou entre 29 e 44% no campo 1. No campo 2, os resultados variaram entre 134 - 146% para Paiva e entre 108 - 143% para o Roxo. As análises de µ-EDWRF revelaram que o Zn estava preferencialmente localizado no embrião e a aleurona em ambas as variedades.